domingo, março 25, 2007

CASH

o que cabe fazer um homem em sua vida? o que cabe fazer um homem de sua vida? perguntas que se completam, são os dois lados da mesma moeda.
quando vemos, em retrospecto, a vida de determinadas pessoas, acaba-se-nos aparecendo estas questões. a quem cabe dizer a uma pessoa o que fazer de sua vida?
a vida, em retrospecto, repito, é fácil analisar, é facil apontar dedos... como fizeram com martin heidegger pelo curto período de tempo na reioria de heildelberg, primeiro saudando hitler (em 1934!) e depois saindo do posto por recusar-se a discriminar os colegas de magistério judeus... heidegger penou pelo seu discurso de posse por todo o pós-guerra, não sendo poucos, como habermas, que aproveitaram de um único episódio para espicaçá-lo.
outros sofreram por problemas pessoais.... tais como o uso de drogas. a drogadicção apenas recentemente tem sido tratada como se deve: doença. mas sempre há os que apontam dedos, acusam os adictos de "falha de caráter", e etc...
tem acontecido com cantores... temos caso e casos na mídia.
há todavia um caso interessante: cantor de música tradicional americana, vicia-se em anfetaminas, larga o vício com o apoio daquela que seria a sua segunda esposa, june carter, também divorciada e mãe de meninas... ele era pobre, filho de alcoólatra (a drogadicção tem um forte componente hereditário), tentaram uma primeira gravação com um gospel, afinal conseguira com o gênero do qual tornaria-se um ícone: o country.
johnny cash vestia-se sempre de preto, tocava violão num tempo em que as guitarras imperavam. músicas de um formato um tanto conservador para letras nem um pouco retrógradas, muitas vezes ácidas, irônicas...
seu álbum de maior sucesso foi gravado ao vivo dentro de uma prisão, johnny cash at folsom prison, em 1968. em 1969 repetiu o gesto, gravando johnny cash at san quentin.
em 1968 pediu a mão de june carter no meio de um show, e permaneceu com ela casado até a morte dela, vindo a falecer apenas 4 mêses depois, em 2003, aos 71 anos.
cash merece ser ouvido e seria bom se nós tivéssemos um "sertanejo" de sua estatura em nossa música.
para saber um pouco mais:
http://pt.wikipedia.org/wiki/Johnny_cash
um filme interessante para se ver, sobre o começo de sua carreira: Johnny & June (walk the line - 2005).

quinta-feira, março 08, 2007

SOBRE PUMAS E LINCES

(um texto antigo...)

assisto um programa no animal planet: agora o puma é filmado nos gelo candense - antes haviam filmado um gato selvagem. o puma mói os ossos da presa que havia enterrado no sopé de uma imensa árvore.
se uma coisa invejei - mesmo assim, num bom sentido - de minha irmã foi seu contato com os imensos felinos como onças e leões,além das jaguatiricas e outros gatinhos.... eu, no máximo, brinquei com gatos domésticos de quase quinze quilos (quem duvida que existam não conhece os norwegians e maine coons).
gatos são livres.
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em "menos que um", j. brodsky, um russo exilado nos e.u.a., conta que sua mãe, quando tinha problemas, lavava pratos. brodsky escrveuum ensaio desse livro no dia em que recebeu a notícia da morte de seus pais, e o escreveu em inglês, língua que não dominava, pois esse era o seu modo de lavar pratos, adquirir a distância necessária para digerir os problemas, as dores.
eu, por mera coincidência, faço o mesmo. já fazia isso desde a adolescência, antes de ter lido brodsky, mas a semelhança pára aí. quisera eu ter alguma outra semelhança com ele.
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num texto que escrevi aqui, os gatos falavam francês, talvez pq eu consiga pensar em francês, apesar de também não dominá-lo. não falavam português pois esse eu falo. mas tinha que ser algo próximo. gatos são inúteis, e quebram coisas dentro de casa pois passam por cima de tudo, gostam de fazer tudo à noite, e ao seu modo. gato que é gato tem cicattrizes, algumas feias. e são livres.
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eu tive um grande gato de quase 15 kg. uma vez eu o vi apenas depois de 3 dias, no telhado. estava esquisito. mais três dias e ele descceu do telhado para comer algo. e então eu vi o ferimento, uma bala de chumbinho um pouco abaixo da pele do pescoço. foi generoso e deixou-me cuidar dele, e então tornou-se um grande amigo, que descia correndo do telhado quando eu chegava em casa, não importando a hora. certa noite sumiu.
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uma doença é um grilhão, sempre. uma limitação. como meu gato, estou no telhado. como a mãe de brodsky, preciso lavar pratos. camilas e camilo, obrigado pela ajuda com a louça.