quinta-feira, dezembro 13, 2007

khaldun

brincando com deleuze & guattari (mil platôs, v. 5) vejo uma referência a um autor que abordei em minha dissertação, ibn khaldun. eu gostaria de ter sido ibn khaldun. viajante. juiz. diplomata. erudito. e, sobretudo, um observador genial da sociedade, a ponto de ter pensado ter descoberto uma nova ciência (no conceito medieval de ciência), mas descobriu duas: sociologia e historiografia. nada mal pra quem morreu em 1406, quando sua genealogia já tinha uns 700 anos... sim, um ancestral seu havia sidocompanheiro do profeta muhammad.



khaldun é um intelectual do desmonte de al-andalus, quando já ocorria a retomada de al-andalus pelos cristãos. viveu também no cairo, e depois foi negociar com tarmelão a não invasão de damasco ou bagdad... não conseguiu o intento, mas saiu vivo, numa época em que era costume executar os embaixadores do outro país, quando não havia acordo entre as partes...

anos depois de sua morte ocorreria o ocaso da civilização árabe, e a ascensão dos turcomanos. como khaldun previra em seus "prolegômenos", os reinos vêm e vão. as dinastias se sucedem, há uma corrupção, uma degradação que enfraquece os reinos após algumas gerações... uma espécie de entropia, débâcle...

khaldun há de ser estudado, não apenas como uma curiosidade avant la lettre no meio medieval, um espírito além de seu tempo. há o que se recuperar em suas idéias, no mundo moderno da geração e corrupção contínuas.