segunda-feira, julho 02, 2007

DIMANCHE, LE MATIN

ele acordou e ouviu o doce ressonar dela ao seu lado. o sol parecia pedir licença para avançar por entre a cortina diáfana que, com má vontade, cobria a janela. ele passava os dedos pelas costas dela, sobre a penugem dourada, seguindo o traçado da coluna. kundalini.
ela virou lentamente a cabeça, abriu os olhos e um sorriso.
dividiam o jornal e as torradas, a manteiga e as geléias, o café e o leite. às vezes o silêncio era quebrado por um suspiro ou um comentário qualquer sobre algo publicado, mas não importava o que fosse dito ou pensado, mas a comunicação em si: o contato.
foram a uma feira de artesanato qualquer, almoçaram em algum restaurante charmoso qualquer, passaram a tarde em uma livraria, assistiram um filme europeu qualquer, ela recostada ao ombro dele, as mãos entrelaçadas como se fossem uma só.
a noite achegou-se, e então ela foi embora, de volta à sua cidade. ele voltou à casa só, sozinho numa multidão de amores mas, para ele, então, a cidade estava deserta pois ela não mais estava lá.

(texto de 23/05/2005, recuperado graças à bruna e ao camilo)