quinta-feira, fevereiro 01, 2007

ETNOCENTRISMO

"dancing days are here again..." - led zeppelin é sempre bom.

quando estudamos a cultura e a história do japão, temos sempre que fazer a remessa à china. a influência chinesa na cultura japonesa nunca foi negada pelos próprios nipônicos, mas sim muitas vezes ostentada. inobstante todas as peculiaridades da cultura nipônica, não se nega a brutal influência chinesa: os kanji são de origem chinesa, o zen é, na origem o cha´an chinês, os dragões são desenhados praticamente do mesmo modo, apenas com significados diferentes, e etc. isso, inclusive, sempre gerou no povo japônes o complexo de inferioridade mascarado em complexo de superioridade, que levou o japão a, diversas vezes, colocar-se numa situação de superioridade em relação à china, seja na discussão intelectual, seja mesmo subjugando populações chinesas, como na primeira metade do século XX.

mas os gregos... os gregos são o povo que, miticamente, fundaram a europeidade. em tese, foram os primeiros a romper com as explicações míticas, recorrendo àquilo que seria depois chamado de filosofia. sua arquitetura, de colunas belíssimas, até hoje é sinônimo de nobreza: se se quer dar um ar de nobreza até a um restaurante italizano nas americas, se coloca colunas na fachada... todavia, colunas elegantes como as do pathernon existiam 2.500 anos antes da construção do mesmo (há cerca mais de 2000 anos), num outro lugar... no egito!

no campo da arqueologia hoje, discute-se qual o tamanho da influência egípcia (e eventualmente persa e/ou assíria) na cultura grega. a distância que há entre a grécia e o egito é, basicamente, a mesma entre o japão e a china. mas com uma diferença brutal: o mar do japão é tempestuoso (lembremos que gengis khan não invadiu o japão pois o deus kamikaze, o furacão, afundou a esquadra do mongol) enquanto o mediterrâneo, o mare nostrum, é, comparativamente, um lago... ou seja, mais fácil ainda é a navegação entre a antiga grécia e o egito - afora o caminho por terra, pela palestina.

há pinturas em túmulos faraônicos mostrando gregos - provavelmente cretenses - entregando presentes ou tributos aos faraós. e são anteriores, bem anteriores, à época de péricles ou mesmo de homero.

discute-se também uma eventual influência do pensamento oriental (chinês?) no nascer da filosofia. para mim, particularmente, a dialética de heráclito lembra muito o conceito de yin e yang - e sua enterna transmutação de um em outro, sua constante inconstância - que o tao nos passa.

mas ainda há os que mantêm a visão etnocêntrica formulada no século XIX - o século onde a europa achara que surgira do nada, de repente, na grécia, e frança e inglaterra (então com controle político sobre, respetivamente, egito e índia), disputavam a posse daquilo que cada uma dizia ser a raiz da humanidade, a cultura mais antiga, a origem do mundo: o egito ou a índia, dependendo de quem era seu "dono".

estranhamente, não eram os árias apenas um povo indiano? seu nome não foi utilizado para justificar uma certa ideologia mítica e altamente discriminatória, de superioridade racial, o arianismo?

tsc, já sabemos onde vai dar o discurso etnocêntrico.... o cúmulo do etnocentrismo é câmara de gás.